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(…)

“Ao passo que – querendo-se – a Diferocracia pode ser o governo da massa, pela massa, para a massa. Sob a LEI do Pleroma. Isto, a inventar-se.

Observem, na história do pensamento, quantos pensadores, reli­giosos, etc., ficaram em busca disso. Leiam, por exemplo, um Fourier, os socialistas ditos por Marx utópicos, que tentaram descrever um lugar para isso, mas não tinham nenhum ferramental. É o caso de Proudhon, de quem Lacan gostava… Hoje em dia, isso está ficando claro com o advento da Pomba Adâmica, que não é a bomba atômica, mas é esta que está aí em nossa mão e que está fazendo efeito. A chamada bomba atômica, meus queridos, não fede nem cheira. Ninguém vai jogar aquela porcaria nunca, pois está tudo muito combi­nado. Ela funcionaria, se fosse jogável. Aí se teria um pouco de respeito por ela, aí se começaria a pensar direito. Mas ela não assusta ninguém, pois só faz aumentar os estoques de mísseis de todos os lados, cada um mostrando que tem o piru maior. É briga de machinho. Mas há uma bomba que estão jogando, e que só vão ver o efeito quando seus ciclos forem explodidos. A Pomba Adâmica, como chamo, é uma mistura de computador com comunicação de massa, essas coisas em que Ocidente e Oriente estão entrando, manipulando, e que necessariamente vão explodir o social. É neste ponto que estou de acordo com Baudrillard. Como disse, o social foi pras pigas. Só não foi em cabeça de cientista social e nas tentativas de sustentação de sentido de religiões, partidos políticos, Estados, que ficam segurando a barra para não deixá-lo escapar. Até o fim do século XX, vai ficar esse pessoal renitente aí, mas vai explodir de repente. Isto porque a equivocação não é sustentada. Os líderes e os títeres do social vivem sustentando o sentido e evitando a equivo­cação. Mas, daqui a pouco, não será mais possível sustentar a não-equivocação pelo simples e puro (não natural, mas) espontâneo e artificioso uso que o próprio sistema e o próprio capitalismo estão fazendo da Pomba Adâmica, de uma dispersão incrível de compu­tação, televisão, dos media em geral, que equivocam qualquer coisa.

Lembrem, por exemplo, da palhaçada de alguns supostos ana­listas que disseram que nós do Colégio Freudiano não somos sérios – justo porque eles não o são. Se fossem, não iriam dizer no jornal que psicanálise é ciência. Isto é enganar o povo. Eles não têm a menor competência, a menor seriedade, para perceber que se pode colocar Lacan e Chacrinha, um depois do outro, na televisão, e que todos dois serão cagados pela massa – e todos os dois são aproveitáveis do mesmo jeito. Isto porque o sistema não agüenta mais a percuciência dos dissolventes, dos equí­vocos de massa. Ou seja, a massa está pintando. São os intelectuais e os políticos, com sua imbecilidade crassa e notó­ria, que querem manter a sustentação do sentido e que estão segurando uma coisa inse­gurável. Não estão pensando como entrar nessa, e de vez, para ver como se inventam até formas de governo, formas de organização (não social, mas) de gente, de efeitos de massa. Há aí um pessoal preo­cupado com a violência. É gente de esquerda que sabe o por quê da violência no Rio de Janeiro. Segundo eles, é porque há pessoas que não têm dinheiro, é porque há desi­gualdade social. Não é não. Basta ver em Nova York os filhos da alta burguesia americana, que são uns delinquentezinhos. Não lhes falta nada, até sobra. Aliás, está na música que toca por aí: “Meu pai e minha mãe me compre­endem, me dão tudo…” O que está aconte­cendo? É que simplesmente não há a menor coerência entre o estado de “cada macaco no seu galho” – como fala com razão José Celso –, de tudo arrumadinho pelos sentidos, e o efeito secundário dos meios de comunicação de massa e da computação equivocando tudo. Ou seja, os valores foram pras picas, como Maria da Conceição se mostrou apavorada aqui para nós. Portanto, não dá mais para sustentar valores no nível dos sentidos do social. Cada vez vai ficar pior.

· P – Você está dizendo que a única coisa positiva aí é a Ética da psicanálise?

Só a Ética do Falanjo, que é a ética da psicanálise, dará um jeito nisso. Ninguém vai ouvir, ninguém vai perguntar, mas um dia vai dar uma m… Mas a gente vai se preparando, danem-se eles, a gente sobrevive…

Taí.

E para chavear com ouro est’ética dica de psicanálise, um desaforismo de Lacan na sua televisão: “só há ética do Bem-dizer e, saber, de não-senso”.

Eu ensaio – e deixo de lado, muito obrigado…”